TRATADO - PREFÁCIO

CÚRIA DIOCESANA DE ANÁPOLIS

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PREFÁCIO

Num de seus livros, talvez em “O Primeiro Amor do Mundo”, Fulton Sheen, bispo e escritor americano, fala-nos de uma tradição russa, que lembra o amor e a misericórdia de Deus, sempre perdoando os homens e querendo salvá-los, mas sem grande resultado. Mandou Patriarcas, reis e profetas, seu próprio Filho, depois os santos. E a humanidade segue cada vez mais infiel, ingrata, ímpia, mergulhada no vício e no egoísmo, com todo o cortejo de males. Mas, continua a lenda, quando tudo parecer perdido, Ele mandará sua Mãe. E, se não A ouvirem, então será o fim. Surdos à Mãe, não têm mais coração, nem alma.


Ela é anunciada no Gênesis, esmagando a cabeça da serpente; surge, triunfal, no Apocalipse, vestida de Sol, coroada de estrelas, a Lua sob os pés.

Ela vive nos Evangelhos, acolhendo o anúncio de Gabriel, santificando a família de Elisabeth e Zacarias, oferecendo Jesus ao Pai e buscando-o em Jerusalém, servindo-o trinta anos em Nazaré, arrancandolhe do Coração o primeiro milagre em Caná, acompanhando o pelas estradas da Palestina, até o Calvário, onde nos recebe por filhos, aguardando-o ressuscitado e, depois da ascensão, rezando com os apóstolos e discípulos, na espera, com eles, da vinda do Espírito Santo. A São João, a privilegiada testemunha da obra da salvação, assiste como fizera a Jesus e fará sempre com a Igreja. Nas horas mais dramáticas do mundo e da Igreja, Ela se faz presente em pessoa ou através de Seus servos. Éfeso, São Bernardo, São Domingos, Dom João de Áustria, Lepanto, La Salette, Lourdes, Fátima: são cuidados extremosos de Mãe com Seus filhos, ainda que ingratos, irresponsáveis.

Em plena cultura da morte e do pecado, após um século que de sangue e martírio só pode compararse aos três primeiros séculos do cristianismo, Maria revela-nos aquele que é “Totus Tuus”, todo seu: João Paulo II, uma das maiores presenças vivas de Deus em toda a História, anúncio de Evangelho, “No Limiar da Esperança”, a um mundo que submerge sem volta.

Parece ter chegado o momento em que Deus decide mandar sua Mãe para buscar convencer os filhos a “fazer tudo aquilo que Ele lhes disser”. Ela precisa de Apóstolos para preparar, com seu triunfo, a vitória final de Jesus. Ensinados por Maria, totalmente consagrados ao seu serviço, e, portanto, entregues por inteiro, em suas mãos, à missão de, com Jesus, arrancar da perdição os pecadores, faze-os crescer em sabedoria e graça, como só Ela, a serva do Senhor, sabe fazer, diante da imensidão do mal que os poderes das trevas instalam em todos os recantos da Terra.

São Luís Maria Grignion de Montfort, quando anuncia o Evangelho, parece escandalizar, pela rudeza da linguagem e pensamento, ao insistir na “escravidão” marial, a quem nem sequer aceita “a escrava do Senhor”.

No entanto, vivemos num mundo de escravidão. Escravidão do dinheiro, do poder, do prazer, das paixões, da moda, da “opinião pública”... Escravidão do álcool, do fumo, das drogas, da televisão, da internet, da pornografia, do sexo enlouquecido... O resultado está aí. Desespero e frustração, neurose, violência, degradação: o preço do pecado, como o chama São Paulo.

Os escravos de Deus são os únicos verdadeira e totalmente livres, da liberdade dos filhos de Deus. A tentação original, “sereis como deuses”, empurra os homens a todas as escravidões, a pretexto da liberdade. O grito “é proibido proibir” abriu a porta a todas as violências e depravações, da alma e do corpo.

Todavia, para que se aceitem esses grilhões (que no fundo, no fundo, são asas), São Luís Maria nos propõe a escravidão a Maria, a Mãe de Deus. Nenhum coração humano, realmente digno, recusa entregar-se a Ela, para servir a Deus com a fé, a confiança, a pureza, o amor de Maria, escravo de amor ao Pai por Maria. Exatamente como Jesus veio a nós por Maria, voltamos a Ele pela sua maravilhosa estrada de vinda.

Assim começa São Luís Grignion o seu admirável livro, código sagrado dos últimos tempos, capaz de formar os apóstolos, os santos, os combatentes das últimas batalhas que o Apocalipse registra.

Teologia segura, no meio da anfibologia moderna (talvez o tenhamos, em breve, como Doutor da Igreja); caridade ardente, zelo vulcânico, combatividade incansável, coragem a toda prova: eis o que torna tão atual e imprescindível o nosso santo, num mundo onde se tem tudo para ganhar e onde se faz tudo para perder, pela omissão do poder e a indiferença com a verdade.

Não sem razão o demônio escondeu o Tratado mais de um século. É por todas as razões de redenção e graça, que não podemos deixar, um dia que seja, de falar desta mensagem de salvação ao alcance de todos, em especial dos pequeninos, de quem é o Reino dos Céus, porque “neles a graça do Senhor não padece crítica”.

Não há de se perder um instante. Nunca, como hoje, foi tão importante ser apóstolo como São Luís Grignion, apóstolo de Maria, para acolher incondicionalmente Jesus.

Anápolis, 16 de julho de 2.002.

Festa de Nossa Senhora do Carmo.

Dom Manoel Pestana Filho
Bispo Diocesano de Anápolis

“Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará!” (Fátima)


Pela via de Maria caminha-se 
mais suavemente e mais tranquilamente.


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